Praça das Vaidades

Não te receio.
Embora saiba que não me possa descuidar. Não posso perder o ritmo. Nunca. Na Praça das Vaidades não há lugar para os que se acomodam. Desafio-te a estares melhor e a seres mais cobiçada. Quantos e quantas, já hoje, se voltaram para te observar? Quantas, hoje, quiseram ser como tu? E não cabem nas tuas medidas?
Sou de papel, eu sei! Fui retocada, manipulada, mas sou o sonho feito isto que tu vês. Tenho o sorriso desenhado, planeado, também não o desminto. Mas é assim que gostam de mim. É assim que querem ser todas. É assim que todos gostariam de as ter junto deles. Sou a visão que anseiam. O objectivo em mente quando se entra no ginásio, na loja dos cosméticos, no cabeleireiro. Na luta desesperada das dietas. Porque não se pode perder o ritmo. Porque ninguém se pode descuidar.
Não fiques calada, especada, na desculpa estúpida, de seres únicamente um manequim articulado, numa montra duma loja qualquer, montada numa vulgar Praça de Vaidades. Levanta os braços, baixa os braços.
Faz qualquer coisa. Reage!

1 comentário:

  1. As reacções por vezes estão fora do contexto, mas o que importa mesmo, é nunca deixarmos de reagir, porque cada coisa que deixarmos de fazer, perde-se a vaidade do próprio ser. O desleixo não trás alegria nem felicidade, foi a perca dessa vaidade que te enterrou na amargura, e nunca te deixa reagir...

    Um beijo meu!

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