A caminho

Sabe-se a caminho. Sabe que não deve ir por aí. Conhece os perigos. Sente-os já.
E sonha com o percurso. Porque não o consegue evitar.
E sonha com o fim. Porque o tem assumido.
Evita falá-lo. Para não se ouvir. Mas pre(se)sente-o.
Antecipadamente.
Ouve Caetano Veloso e reconhece-se no futuro.

"E agora, que faço eu da vida sem você?
Você não me ensinou a esquecer.
Você só me ensinou a te querer.
E te querendo, eu vou tentando-te encontrar.
Vou-me perdendo buscando em outros braços seus abraços.
Perdido no vazio doutros espaços do abismo de que você se retirou
e me deixou aqui sózinho.
...
E te querendo eu vou querendo me encontrar"

E mesmo que se perca, embala-se na viagem que anseia e desespera fazer.
Mesmo que depois seja esta a música a dizê-la.
Mesmo que seja para o abismo o destino.
Porque não o pode contrariar

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