Tudo, quero tudo.

Quero deitar-me na tua sombra para te conhecer melhor

Cada um sente o que sente, de acordo com a medida das coisas e é o que é, na relação que tem com elas. Por isso as escolhas diversificadas.
Há os que se satisfazem com o que têm. E nada lhes faz falta.
Há os que nunca se satisfazem. Procuram sempre mais e melhor ( às vezes, na nossa dimensão, pior ).
Há os que têm consciência das suas limitações. E há os que não têm. Há também os que tendo não se satisfazem. Outros há que nem por isso.
Desta convivência de estados advém resultados e sentires diferentes.
E a alteridade que nos é devida poder-nos-á fazer perceber porque todos nós, seres únicos e diferentes, não (re)agimos às mesmas coisas da mesma forma.
È razoável quando calamos a nossa dor com a dor maior dos outros. Não é razoável, não a pretendermos curar. As feridas gangrenam por falta de tratamento e amputam-se coisas em nós , de que necessitamos.
Assim, se eu puder andar e não o fizer ou não me deixarem, limito-me ou insatisfaço-me.
Se não puder andar tenho de o fazer munindo-me de outras armas ou apaziguar-me. É a reacção a estas possibilidades e impossibilidades que me faz viver.
Com amargura, ou em paz.
Ou em desequilíbrio como prefiro ( no sentido que o desequilíbrio leva a novos caminhos).
É a medida que tenho, do que me envolve, do que sou, das minhas capacidades ou incapacidades, que me dá sentires diferentes . E me faz sonhar.


Porque há sonhos que nunca deixam de o ser. Nunca deixa de ser importante sonhar. Porque, (frase feita) “ Sempre que um homem sonha o mundo pula e avança”.
È verdade que em relação a tantos outros deveríamos ser felizes, no sentido da quantidade. Temos mais.
Mas sabemos usar tão bem o que temos como os outros que nada têm?
Há tempos, um amigo perguntava-me a respeito de pais e educadores de crianças com deficiências mentais “Como podem eles não enlouquecer?”. Respondi-lhe “Tendo a medida das coisas”. Conhecendo os limites, ajustando-se ao estado sem deixar de sonhar para poder investir.
E é assim que (sobre)vivemos.
Quem é que pode não querer nada?
Só os que já tudo tiveram. E tudo, foi demais.

Assim como o sonho, a náusea é vital. Não nos pode é turvar a vista.

1 comentário:

  1. a verdade, é que nós próprios contemos em nós a alteridade...o sonho e a náusea coexistem. A grande diferença reside na forma como reagimos a eles, de tal modo que um deles se torna preponderante.

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