Flor, cor

Pétala a mim, pétala a ti. Com as nuances que o sentir tem.
Estava-lhe reflectido nos olhos. Não porque o espelhassem. Estavam baços, sem vida. Longe do brilho que costumavam ter.
Estava-lhe presente nos gestos. Pendia-lhe o corpo como se a qualquer momento se desboroasse.
Afirmava-se na voz que não ria como costumava fazer.
Via-a pouco, agora. Isolava-se e de vez em quando obrigada a sair, aparecia. Mas com o incómodo que os espaços lhe causavam. Com a pressa de retornar ao aconchego que deixara.
Percebia-se o esforço, que era antes energia,em querer viajar. Falava nas coisas que tinha e precisava de fazer. Mas a voz comia-lhe o pensamento. Perdia-se no querer. Deixava-se ficar.
Perdera o viço, a alegria, a paixão. Respirava a vida com esforço.
Não havia sombra das lágrimas que chorava por dentro. Mas eu sabia-as. Porque a conhecia tão bem. Dolorosamente bem.

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