Cinco horas


Minha mesa no Café,

Quero-lhe tanto... A garrida

Toda de pedra brunida

Que linda e que fresca é!

...

Sobre ela posso escrever

Os meus versos prateados,

Com estranheza dos criados

Que me olham sem perceber...


Sobre ela descanso os braços

Numa atitude alheada,

Buscando pelo ar os traços

Da minha vida passada.

...

Nos cafés espero a vida

Que nunca vem ter comigo:

-Não me faz nenhum castigo,

Que o tempo passa em corrida

...

Paris, Setembro de 1915


Mário de Sá Carneiro in Indicios de ouro

1 comentário:

  1. Interessante a foto, seguida de um bom texto. Bom fim de semana e continua a voar:) bj

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